ARTE PALEOCRISTÃ
Enquanto os romanos desenvolviam uma arte colossal e
espalhavam seu estilo por toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos (aqueles
que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo) começaram a criar uma arte simples
e simbólica executada por pessoas que não eram grandes artistas.Surge a arte
cristã primitiva.
Os romanos testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o
qual marcou uma nova era e uma nova filosofia.Com o surgimento de um "novo
reino" espiritual, o poder romano viu-se extremamente abalado e teve
início um período de perseguição não só a Jesus, mas também a todos aqueles que
aceitaram sua condição de profeta e acreditaram nos seus princípios.
Esta perseguição marcou a primeira fase da arte paleocristã:
a fase catacumbária, que recebe este nome devido às catacumbas, cemitérios
subterrâneos em Roma, onde os primeiros cristãos secretamente celebravam seus
cultos.Nesses locais, a pintura é simbólica.
Para entender melhor a simbologia:
Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por
um peixe, pois a palavra peixe, em grego ichtus, forma as iniciais da frase:
"Jesus Cristo de Deus Filho Salvador".
Outra forma de simbolizá-lo
é o desenho do pastor com ovelhas "Jesus Cristo é o Bom
Pastor" e também, o cordeiro "Jesus Cristo é o Cordeiro de
Deus".
Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por
exemplo: Arca de Noé; Jonas engolido pelo peixe e Daniel na cova dos leões.
Ainda hoje podemos visitar as catacumbas de Santa Priscila e
Santa Domitila, nos arredores de Roma. Os cristãos foram perseguidos por três
séculos, até que em 313 d.C. o imperador Constantino legaliza o cristianismo,
dando início à 2a fase da arte paleocristã : a fase basilical.
Tanto os gregos como os romanos, adotavam um modelo de
edifício denominado "Basílica" (origem do nome: Basileu = Juíz) ,
lugar civil destinado ao comércio e assuntos judiciais. Eram edifícios com
grandes dimensões: um plano retangular de 4 a 5 mil metros quadrados com três
naves separadas por colunas e uma única porta na fachada principal.
Com o fim da perseguição aos cristãos, os romanos cederam
algumas basílicas para eles pudessem usar como local para as suas celebrações.
O mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos, foi o
material escolhido para o revestimento interno das basílicas, utilizando
imagens do Antigo e do Novo Testamento. Esse tratamento artístico também foi
dado aos mausoléus e os sarcófagos feitos para os fiéis mais ricos eram
decorados com relevos usando imagens de passagens bíblicas.
Na cidade de Ravena pode-se apreciar o Mausoléu de Gala
Placídia e a igreja de Santo Apolinário, o Novo e a de São Vital com
riquíssimos mosaicos.
Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano
entre seus dois filhos: Honório e Arcádio.Honório ficou com o Império Romano do
Ocidente, tendo Roma como sua capital , e Arcádio ficou com o Império Romano do
Oriente, com a capital Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul).
O
império Romano do Ocidente sofreu várias invasões, principalmente de povos
bárbaros, até que, em 476 d.C., foi completamente dominado (esta data, 476
d.c., marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média). Já o Império
Romano do Oriente (onde se desenvolveu a arte bizantina), apesar das
dificuldades financeiras, dos ataques bárbaros e das pestes, conseguiu se
manter até 1453, quando a sua capital Constantinopla foi totalmente dominada
pelos muçulmanos (esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da
Idade Moderna).
Maria e o menino – Catacumba de Roma |
A multiplicação dos pães |
ARTE BIZANTINA
O cristianismo não foi a única preocupação para o Império
Romano nos primeiros séculos de nossa era.Por volta do século IV, começou a
invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino a transferir a capital do
Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por Constantinopla.A
mudança da capital foi um golpe de misericórdia para a já enfraquecida Roma;
facilitou a formação dos Reinos Bárbaros e possibilitou o aparecimento do
primeiro estilo de arte cristã - Arte Bizantina.
Graças a sua localização (Constantinopla) a arte bizantina
sofreu influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns elementos
dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na técnica como na cor.
A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia,
além das suas funções, organizar também as artes, tornando os artistas meros
executores. O regime era teocrático e o imperador possuía poderes
administrativos e espirituais; era o representante de Deus, tanto que se
convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, e, não raro
encontrar um mosaico onde esteja juntamente com a esposa, ladeando a Virgem
Maria e o Menino Jesus.
O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se
destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis
mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários
imperadores.Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos
mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem
convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são
representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a
perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é demasiadamente utilizado
devido à associação com maior bem existente na terra: o ouro.
A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da
arte bizantina, elas eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou
quadrada imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos totalmente
decorados.
A Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje
Istambul, foi um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, projetada
pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, ela possui uma cúpula
de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos.Tal método tornou a cúpula extremamente
elevada, sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de
universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com
capitel ricamente decorado com mosaicos e o chão de mármore polido.
Toda essa atração por decoração aliada a prevenção que os
cristãos tinham contra a estatuária que lembrava de imediato o paganismo
romano, afasta o gosto pela forma e conseqüentemente a escultura não teve tanto
destaque neste período.O que se encontra restringe-se a baixos relevos
acoplados à decoração.
A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI,
durante o reinado do Imperador Justiniano.Porém, logo sucedeu-se um período de
crise chamado de Iconoclastia.Constituía na destruição de qualquer imagem santa
devido ao conflito entre os imperadores e o clero.
A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a
segunda metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas regiões
onde ainda florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro da arte bizantina.E
essa arte extravasou em muito os limites territoriais do império, penetrando,
por exemplo, nos países eslavos.
UM POUCO MAIS DE SANTA SOFIA
"A verdadeira beleza de Santa Sofia, a maior igreja de
Constantinopla, capital do Império Bizantino, encontra-se no seu vasto
interior.Um olhar mais atento permite ao visitante ver o trabalho requintado
dos artífices bizantinos no colorido resplandecente dos mosaicos agora
restaurados; no mármore profundamente talhado dos capitéis das colunas das
naves laterais, folhas de acantos envolvem o monograma de Justiniano e de sua
mulher Teodora.No alto, sobre um solo de mármore, bordada em filigrama de
sombras dos candelabros suspensos, resplandece a grande cúpula.
Embora
a igreja tenha perdido a maior parte da decoração original de ouro e prata,
mosaicos e afrescos, há uma beleza natural na sua magnificência espacial e nos
jogos de sombra e luz - um claro-escuro admirável quando os raios de sol
penetram e iluminam o seu interior".